APRESENTAÇÃO
DOCUMENTÁRIO

HISTÓRIA

Há muitos anos atrás, corria o ano de 1977, depois de alguns brilharetes em vários "ralis papers" participados, surgiu a ideia, de com o carro de todos os dias participar no Campeonato Regional de Iniciados Zona Sul.

Era um Fiat 128, de todos os dias.

Meio roll-bar feito à pressão na Autoescapes do Areeiro e uns Pirelli P3 mais ou menos em estado novo e cerca de duas semanas de conversa puxada com o progenitor, até essa ocasião responsável máximo da minha gestão económica diária,e aí vamos nós numa noite de inverno gélido até à Rampa de Porto de Mós...

Algumas passagens á noite, só para ver como é que era... a desistência prematura do Sr. Augusto, que preferiu ficar à chuva do que corrobar com aquelas loucuras nocturnas, e aí estávamos nós à procura de uma residencial, prefeitamente preparados para o dia que já se adivinhava.

E, assim foi...primeiro lugar da classe para o Fiat 128 número 11 de preto pintado e a convicção de aquilo era "canja".

O Sr. Augusto foi lá para cima, para a última curva, possívelmente, e dada a proximidade de Fátima, rezando à sua maneira para que a sua cumplicidade não viesse a "dar para o torto".

Primeira subida de prova... motores a roncar... coração a bater... e lá vão subindo os participantes por ordem crescente do seu número de inscrição...

E, chegada a nossa vez... primeira, segunda, terceira, quarta... redução... travão... novamente quarta... e as curvas sucediam-se alucinantemente.

A rampa recheada de público ajudava a subida da adrenalina e mais um toque de travão, mais uma mudança e... a estrada de repente tornou-se mais estreita, a viatura pareceu querer tomar conta das operações e a falta de experiência desabou sobre aquele momento gélido e aí está... quatro a cinco cambalhotas depois o Fiat 128 foi tomando novas formas, diga-se de passagem pouco estéticas, e imobilizou-se com o tejadilho no chão, em posição e estado que não nos foi muito favorável para continuar a dotar aquele público e até o Sr. Augusto com os meus dotes de condução.

Lá em cima, depois do número 10 só passou a ambulância, e quando restabelecido dos poucos arranhões fui ao encontro marcado, já um pouco atrasado como é evidente, o Sr. Augusto lá estava encostado á mesma árvore, pensando que tudo aquilo ainda era sonho, ou que então a Nossa Senhora de Fátima era uma fraude...

Algumas horas depois, prometido que estava o arranjo do carro, regressamos de taxi... e nunca mais deveria pensar em corridas de automóveis como contrapartida.

Tinha-se acabado á partida um sonho e tinha deitado fora o meu único patrocinador...

Mas a promessa foi vã... e dois anos depois tudo voltou á mesma no Campeonato Regional de Iniciados Zona Sul.

Desta vez com um carro bem preparado, com mais alguma experiência, mas sem a presença do Sr. Augusto que preferiu desde aí, ficar a ouvir o relato do futebol estirado no seu sofá... é que além de menos perigoso era muito mais barato...

E não é que ele tinha razão!!!