Rali Casinos do Algarve
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Rali Casinos do Algarve

Depois de tantos anos destas andanças é com alguma emoção que escrevo esta crónica sob o título de “Até que enfim!!!”.

Até que enfim que uma prova do Campeonato Nacional de Ralis nos permite estar suficientemente descansados em relação às nossas críticas, que algumas vezes julgamos poderem ser duras e injustas...

...mas depois do Rali Casinos do Algarve, nada mais será igual no panorama desportivo Nacional.

É que desta vez o Clube Automóvel do Algarve foi mesmo muito mau...

E, se poderíamos atribuir mérito a uma organização que conseguiu congregar uma tão apreciável lista de inscritos, logo não podemos deixar de sentir, que para grandes empresas, grandes gestores, e que se não se é capaz de organizar com qualidade um “Rali Paper”, porquê tentar pôr na estrada ao mesmo tempo uma prova do Campeonato Nacional de Ralis, uma prova do Campeonato Regional de Ralis do Sul e uma prova do Troféu Nacional de Clássicos?

Pareceu-nos sempre que lidámos com simples principiantes destas andanças que se juntaram neste fim-de-semana para organizar um Rali.

Já não quero pensar na tentativa pura e simples do lucro fácil da colecta de “quanto mais inscrições melhor”.

E, vá lá, apesar de tudo, parece-nos bem melhor a prova estar sediada em Portimão, onde a oferta de alojamento e de restauração para todos os que participaram e se deslocaram ao sul é bem melhor do que aquela que nos era oferecida em anos anteriores na zona de Tavira e Monte Gordo.

Até que enfim também, que o traçado proposto para um Rali do Algarve versão asfalto, é um traçado de “verdadeiro Rali”, com especiais de muita condução e sinuosidade, talvez algo estreitas e perigosas...mas depois rapidamente tudo não passou de um sonho, pois com as consecutivas passagens de reconhecimento e de prova de “tanta gente”, essas especiais que poderiam ser extremamente competitivas e entusiasmantes, depressa se tornaram em classificativas de pedra solta e areia, muito perigosas e de pouca condução.

Em cada curva um susto e um susto em cada curva, sempre com a probabilidade dos furos e da iminente interrupção da prova, pois um despiste em especiais tão estreitas impediria pela certa a passagem dos concorrentes que se seguissem.

Até que enfim também, que houve alguém que se lembrou de organizar uma Super Especial Surpresa (Surprise-Surprise)...

...é que o esquema que nos foi fornecido no Road-Book e pelo qual efectuamos o reconhecimento era diferente do traçado, na sua maior parte em cima de lajes e entre passeios, que fomos encontrar à noite nos terrenos do Parque de Exposições, e, que não teve interesse nenhum, mas teve o mérito de juntar tanto público que até parecia que era o Portimonense que jogava em casa...

Mas, antes disso, quando ao fim da tarde de sexta-feira todos os carros deveriam dar entrada em Parque Fechado de Pré-Partida, esta organização, no mínimo brilhante, percebeu que não cabiam, no local destinado para o efeito (o parque de estacionamento da praia da Rocha), todos os inscritos desta prova...

Então muito gentilmente e devagarzinho, como a ocasião propunha, foi distribuído a todos os concorrentes do Regional, um por um, uma senha de um parque privado de uma unidade hoteleira e “vai fazer o teu parque para outro lado, que estás aqui a mais...”

Escusado será dizer, que como o trânsito não estava cortado em nenhuma das artérias circundantes, formou-se uma “bicha” com autocarros, auto caravanas, carros de rali, turistas e “bichandrés” que chegava quase até...

...e veja-se o ridículo da situação de se dar a partida do Rali na principal artéria da Praia da Rocha, em frente ao Casino, sem se cortar o trânsito...

...quando nós nos preparávamos para partir tínhamos um BMW de matrícula inglesa apitando furiosamente atrás de nós, com um “beef” e uma “beefa” lá dentro, esbracejando e com um ar tão ameaçador que pusemos em causa partir antes de tempo para não pôr em risco a integridade física da equipa.

E, depois da Super, Super, Super Especial, com 1300 m, que nos ocupou aproximadamente três horas, entre partida, espera daqui, espera dali, parque de assistência antes (que só deve servir para conversar um bocado, pois mal vai a coisa para quem precisar de assistir o seu carro após 3 km de ligação) e parque de assistência depois...

...e felizmente que a ordem de participação foi em sentido inverso, pois caso contrário quando pensássemos em comer qualquer coisa já não havia nada para comer, a exemplo do ano passado em que quando largámos o carro em Parque Fechado eram quase duas da manhã.

Bem, mas “Organizações Lacerda” – umas vezes sai bem, outras vezes sai...

E, no outro dia às sete da matina lá tá a rapaziada a agarrar-se à rodinha para fazer uma ligação, entrar num parque de assistência, fazer outra ligação, espera daqui, espera dali... que soneira... olha que vai começar a especial... aperta o cinto e põe a merda do capacete nos cornos e vê se acordas...

...o quê já vamos começar... é lá...que horas são?...meio-dia...poça já vamos com cinco horas de rali...é pá... isto é muita duro...

...vê se te calas e concentra-te que esta é aquela especial muita estreita e a subir...em que o carro não faz rotação e tens que andar pendurado na caixa...tás a ver?...são 10 km...

Tou é mesmo a ver que esta merda não tem piada nenhuma...ainda não começou e já estou farto de esperar...que seca...

E, por aí adiante com especiais cheias de terra e pedra solta, em que mais não fazemos que gincanas, tentando não furar e não sair de estrada...

...isto tudo no arame e sem rede...

Saudades destas mesmas especiais, ou parte delas, no antigo Rali do Algarve organizado pelo saudoso Racal Clube de Silves, também aqui na zona de Monchique...

...Marmelete, Monchique, Senhora do Verde...

...em terra, sinuosas e de mau piso, mas com o carisma de uma organização grandiosa que já foi Campeonato da Europa e que soube a seu tempo trazer a Portugal grandes glórias do Automobilismo Internacional como o Marko Allen, a Michelle Mouton e as estreias em competição de carros como o Audi Quattro, que a fábrica aproveitou para testar nesta prova antes de oficialmente o fazer participar no Campeonato do Mundo....Saudades.

Até que enfim, que já fazem destes ralis em que se perde mais tempo a esperar e de onde não se espera nada...

...assim poupam-se mais as máquinas, os pilotos, as assistências e a organização e ao mesmo tempo que toda a gente espera, eu, desesperadamente, vou ficando mais a espera que o desporto que eu gosto possa voltar a ser o que foi...

...talvez um dia...talvez nunca!!!

E, neste Campeonato de “espera galego”, até que enfim que houve alguma sorte e só uma especial foi anulada em consequência de acidente...

...mesmo assim, a decisão de fazer os carros seguir pelo percurso alternativo foi tão polémica que nem os elementos da direcção de prova perceberam muito bem o que estavam a fazer.

E depois de muita espera e pouca acção, lá voltamos a chegar à confusão total da chegada ao pódio montado em frente ao Casino em que a “modernice” de entregar os prémios no palanque, faz a malta esperar eternamente até poder controlar, meter o carro no parque fechado e ir dormir... se conseguir...

E, até na afixação das classificações finais, fomos nós que chamámos a atenção ao Relações com os Concorrentes, que no quadro destinado ao Campeonato Nacional de Ralis estava afixada a classificação final do Campeonato Regional de Ralis...

...e até o cheque que o terceiro classificado do Troféu Nacional de Clássicos ganhou foi passado no nosso nome e tivemos do endossar...

...a importância de se chamar Victor...

Bem, e desportivamente, a oeste nada de novo...

Miguel Campos venceu e Rui Madeira foi segundo... será que era preciso escrever...

...é o destino.

A Fiat não conseguiu bater a Citroen, e como se esperava Armindo Araújo, ao classificar-se em terceiro da geral e ganhar a Fórmula 3 sagrou-se campeão das duas rodas motrizes e ofereceu mais uma vez o título à marca do “Double Chevron”.

Após despiste de José Pedro Fontes, Vítor Lopes no segundo carro da marca italiana, não conseguiu melhor que ser quarto da geral e o segundo Fórmula 3 atrás de Armindo Araújo mas a cerca de 1m e 10s.

Na Produção tudo ficou decidido, pois Horácio Franco bastava-lhe terminar a prova para se sagrar Campeão, o que efectivamente aconteceu, ficando em segundo lugar atrás dum regressado e imparável Pedro Leal, que não falou com ninguém do princípio ao fim do rali, comandando sempre.

No troféu Citroen, Armando Oliveira voltou a ganhar e a superiorizar-se na luta com Pedro Dias da Silva, que sofreu um aparatoso despiste destruindo a sua montada embora sem danos físicos para a equipa, adiando deste modo a decisão do troféu para a última prova, o Rali Sport Dão.

Igualmente adiada, ficou a decisão do troféu Fiat, que desta vez foi ganho por Mex e Sérgio Paiva, deixando Paulo Antunes em segundo e José Sampaio em terceiro.

No troféu Yaris Pedro Peres voltou a ganhar e António Rodrigues ficou em segundo, deixando este piloto excelentemente posicionado para a conquista do troféu.

Na classe 5 a Calisto Corse Equipe não foi feliz, já no final da prova, pois uma saída de estrada fez Victor Calisto e António Cirne, que até aí tinham feito uma prova muito regular mas com muito sacrifícios ainda devido à ausência da relação correcta da caixa de velocidades perdessem três lugares da classificação geral e dois na sua classe, baixando para o quinto lugar, quando até aí o terceiro lugar atrás de Pedro Peres e António Rodrigues era seu por direito.

Ainda uma palavra de repúdio para a situação acontecida na sexta especial Foia 2, quando o despiste de um concorrente com um Fiat Punto HGT, Gonçalo Dias, mesmo antes da passagem do primeiro concorrente ao Troféu Yaris António Rodrigues, não impediu a passagem deste...

...mas o concorrente seguinte ao Troféu Yaris, Duarte Nuno, receando que o tempo perdido na passagem pelo concorrente despistado o prejudicasse na luta pelo troféu, tudo fez para que o concorrente acidentado colocasse o seu carro de molde a que ninguém passasse...

...assim aconteceu, e a partir daí todos os concorrentes foram neutralizados e foi-lhes atribuído o tempo de António Rodrigues...ou seja, em termos de Troféu Yaris toda a gente ficou com o mesmo tempo...

Será que a Autoridade Desportiva e as Organizações estão tão ensonadas que se deixam embalar por canções de pouca verdade desportiva, ainda por cima cantadas por jovens recém chegados ao automobilismo, a quem prioritariamente nos parques de assistência devia ser mudada a fralda e reciclada a tal lição de bom comportamento e lealdade desportiva, que possivelmente não tiveram ainda na escola da vida...

...bem mas isso são outras histórias.

Victor Calisto