Rali Futebol Clube do Porto
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Rali Futebol Clube do Porto

Cena 1

A minha primeira preocupação quando cheguei a Fafe e fui informado que no Vizo e em Luílhas estava a nevar, foi procurar no interior do meu carro de assistência...

...destapei, levantei, desdobrei, descondicionei, desarrumei e todas as manobras que me lembrei e efectivamente não encontrei...

Onde estão os pregos??? Onde estão???

Desesperado pensei que isto não me podia estar a acontecer

Onde estão os pregos, os parafusos, as taxas ou seja o que for que nos alivie da terrível sensação de ter de rodar em terreno nevado sem estes acessórios tão preciosos

Então, mas que raio de assistência são vocemecêsses, nem pregos nem, nem nada.

Como é que vai ser.

Corram, procurem uma casa ainda aberta e comprem; comprem pregos; comprem.

Vocês até parece que não vêem aquela rapaziada que aparece na televisão a andar que nem uns loucos em cima da neve?

Têm pregos; muitos; para dar e vender

Como é que vocês querem que eu ande em cima deste piso sem uns PREGGOOOSSSSSS!!! 

Foi então que alguém, de certeza enviado por Deus gritou...

“Pregos não arranjei mas tenho aqui uns cachorros e umas sandes mistas... dá não dá???

Cena 2

Após devidamente acalmados por um desmentido oficial referindo que efectivamente tinha nevado, mas tinha sido engano porque aquela neve não era para ser para este Rali...

...era uma nevezinha que deveria ter sido entregue no Rali de Monte Carlo, e que tinha andado para aí perdida e só foi entregue agora, ainda por cima no local errado...estes Correios estão cada vez pior...

Dizia eu que após estarmos mais calmos, fomos até às verificações documentais, onde fomos confrontados por mais uma cena característica das organizações portuguesas...

Inequivocamente, todas as organizações têm um regulamento que é aprovado pela FPAK, de onde consta uma data limita para serem aceites as inscrições.

Neste regulamento, consta também que a inscrição para ser aceite e válida, o seu valor têm de estar liquidado à data do fecho das mesmas.

Então porquê os dois concorrentes que verificaram à minha frente liquidaram a sua inscrição no acto da verificação, quando eu, que ando de certeza enganado há 25 anos, liquidei, como aliás sempre faço, a minha inscrição dentro da data limite referida no regulamento.

Continuam a haver concorrentes de primeira e concorrentes de segunda.

E, podem crer, que por vezes me sinto concorrente de terceira...

Depois fomos para as verificações técnicas que eram para ser nos Bombeiros e depois já não eram, e acabaram por ser no concessionário local da OPEL, que disponibilizou o seu “hall de entrada” para verificar os carros, para o movimento da oficina e para aturar o público, isto tudo com uma entrada e saída comuns.

Mais dignidade para um acto que pretende verificar se os veículos inscritos se encontram de acordo com as especificações da ficha de homologação e do Anexo J da FIA.

Depois, e ainda não percebi para quê, a FPAK inventou uns papéis (fotocópias) onde todos os ralis temos de preencher com o número de homologação do roll-bar, das bacquets, dos cintos, dos fatos, das meias, das cuecas etc. etc.

Para quê um Passaporte Técnico, que em princípio devia servir para transportar toda essa informação de prova para prova, e não só para fazer gastar dinheiro aos pilotos e encher os bolsos da FPAK.

Cena 3

Vá lá, desta vez fomos poupados à Super Especial, mas pelas sete da matina, com um frio de tarar, mas sem neve e com um céu que mais parecia um dia de verão em terras do sul, lá começou esta segunda prova do Campeonato Nacional de Ralis, a primeira em terra e talvez aquela que melhores pisos põe à disposição de todos aqueles que resolveram deslocar-se a esta prova de tão grandes pergaminhos.

Pena foi, a exemplo do que já aconteceu, não termos o Presidente Pinto da Costa a acenar com a bandeirinha dos Dragões à frente da nossa cara...

...por certo a procura de local para o novo estádio tem dominado tanto as suas preocupações que já não nos liga nenhuma...”graças a Deus”.

E, lá fomos nós a tiritar por estradas, montanhas, vales e planícies a caminho de mais uma aventura.

E, ainda não tínhamos ido para a estrada já chegava a notícia que o Rui Madeira tinha estragado outro pó-pó.

Ou ele tem alguma coisa contra a Ford ou não “tá a regular bem da cabecinha”, que ele até não é homem para estes desvarios...então Rui, assim nem dá para aquecer...nem as provas nem o Campeonato...vamos lá ver se começa a correr melhor!!!

E, quando chegámos ao Vizo, então compreendemos que era tudo verdade.

As bermas ainda estavam completamente brancas – que espectáculo lindo.

Cena 4 (Macaca)

E, eis senão quando nos preparava-mos para iniciar a primeira das doze especiais do rali, o meu navegador se começou a sentir indisposto e com dores abdominais violentas.

Pensei logo que seria “cagaço” da “reles” neve que ainda abundava por aquelas zonas, ou então dos pregos ou dos seus substitutos que foram ingeridos na véspera.

Fosse qual fosse a razão, o que é facto é que o rapaz começou a ficar cada vez mais aflito, branco e a passar-se e eu pensei – desta vez é que desistimos sem começar.

Mas o “gajo” quase a morrer segredou-me “anda com essa merda que eu vou-me aguentando”...

E, lá fomos andando, com notas, sem notas, com “ais”, sem “ais” até que fato de competição para baixo na beira da estrada e Injecção Intramuscular no “rabinho”...

...que cena triste...

Até parecia que estava no “serviço de urgência”...

...mas que resultou, resultou e o homem começou a ficar melhor e a dizer “disparates”, pelo que conclui que já não devia morrer desta...

Obrigado pela coragem... 

Cena 5 (Desportiva)

Desportivamente este rali, com 52 inscritos, a exemplo do anterior, não teve história...

Depois do Rui Madeira não ter “Energia” suficiente para mais de meia especial, Miguel Campos e a Peugeot, a não ser que alguma coisa de muito estranho acontecesse, estariam antecipadamente destinados a passear a sua superioridade e a vencer mais uma prova do Nacional de Ralis.

A luta estaria aberta para o vencedor da Fórmula 3, do Troféu Punto, da Troféu Saxo e do empobrecido agrupamento de Produção.

Só que no início do rali Paulo Antunes no Fiat Punto HGT do Troféu, benificiando do excelente conhecimento do terreno, ousou importunar os oficiais da Fiat e da Citroen, obtendo logo na classificativa de abertura, o segundo lugar da geral, logo atrás de Miguel Campos – a todos os níveis surpreendente.

Mas a pouco e pouco, e com o desaparecimento da neve em algumas especiais, as coisas foram começando a ficar arrumadas nos seus respectivos locais, embora no final da primeira metade do rali este piloto ainda fosse terceiro da geral logo atrás de Miguel Campos e Bruno Magalhães, que como esperado liderava a Produção.

Na classe 5, o vencedor da prova anterior, Rui Almeida, era obrigado a desistir com o seu Suzuki Ignis logo no final da primeira especial.

A luta resumia-se ao Ford Ka da Auto Rabal e ao Toyota Yaris da Calisto Corse Equipe, visto que o outro Toyota Yaris presente, do piloto jornalista João Ramos, nunca se mostrou capaz de acompanhar os andamentos dos seus concorrentes na classe.

No final da 1ª secção, O troféu Saxo era liderado por Pedro Dias da Silva, o Troféu Punto por Paulo Antunes, que como foi dito, era surpreendentemente terceiro da geral.

Cena Intermédia (Anti-desportiva)

E, bem no meio da classificativa de Santa Quitéria, na sua segunda passagem, três latões (daqueles de 25 litros), foram habilmente colocados à saída de uma curva que se faz a fundo, impedindo completamente a passagem pela especial.

Foi inevitável o embate, e por incrível que pareça, o latão anichou-se entre a roda da frente direita e a cava da roda do nosso Yaris, e acompanhou-nos até ao final da classificativa, destruindo o pneu, desmanchando a nossa concentração, reduzindo o nosso andamento e aumentando a nossa raiva por nada poder ser feito a esta cambada de energúmenos, que se não gostam de automóveis porque é que não vão jogar ao “pacau” – eles dão a cabeça e eu dou o pau...

É impossível ter um segurança atrás de cada espectador.

É, sem dúvida, uma questão de educação e fundamentalmente respeito por aqueles que tudo dão para poderem praticar o desporto que gostam.

Cena Final

Com o aproximar do fim do rali e com as especiais mais duras da parte da tarde, a lista de desistências foi engrossando, e pensamos que seria de evitar, num rali que prima por algum cuidado no estado dos pisos, classificativas do tipo da Especial de Cabeceiras de Basto que mais não serviu para provar que os carros têm uma resistência acima da média...e não choveu, porque senão não sei como seria...

No final, e como esperado, Miguel Campos vencia, Bruno Magalhães era segundo da geral e ganhava a Produção, Armindo Araújo, desta vez superiorizava o seu Citoen Saxo Kit Car aos Puntos Kit Car oficiais, que perdiam José Pedro Fontes na penúltima classificativa.

Nos troféus Paulo Antunes vencia o Troféu Punto e era 6º da geral e Vítor Pascoal vencia o Troféu Saxo sendo 10º da geral.

Na classe 5 Aires Pereira vencia com o seu renovado Ford Ka, deixando Victor Calisto e o seu Yaris a 2m 36s que por sua vez deixava o outro Toyota de João Ramos a 9m e 54s.

Terminaram 29 concorrentes dos 52 que iniciaram a prova.

E, agora a próxima, lá para Maio...

Rali de Portugal ou não...dois dias ou um só...e todas as incertezas e dúvidas que o ACP Sport já nos habituou...

Victor Calisto